Nunca antes, como agora um ombro amigo é imprescindível. A pandemia assola o país e um boçal destrói as parcas estruturas existentes que nos davam o mínimo de soberania econômica, o mínimo de dignidade no plano social, além de torpedear sistematicamente as bases políticas das nossas instituições, que permitem ao país uma forma de democracia política que, com todas suas imperfeições, continua sendo incomparavelmente melhor do que as vis tiranias de autocratas ou ditadores.
Teria muito para falar, mas com palavras não sei dizer o quanto estou triste, aborrecido e um tanto perplexo com tudo o que está acontecendo. Dizem os homens da fé que é sinal dos tempos e o princípio do fim, e há ainda quem diga que tudo isso são consequências inevitáveis de um país com passado colonial e escravocrata.
Para outros, a conjuntura política pode ser entendida apenas como o resultado do voto popular que elegeu um fantoche das elites, e muitos ousam chamá-lo de rainha da Inglaterra fazendo clara alusão a um regime político em que a chefe de Estado não tem poder administrativo sobre as questões imediatas que o cidadão, em outros termos a Rainha reina, mas não governa e, portanto, não cuida dos problemas do governo.
Esta é a interpretação que a grande imprensa burguesa tem feito chegar aos nossos ouvidos, fazendo-nos crer que o chefe incivilizado do Estado brasileiro, não é mais o líder de facto do país sendo apenas uma figura simbólica do Estado que tem renunciado ao governo a favor do centrão (blocos de partidos da câmara) e o ilustre líder deste bloco, no caso o presidente da câmara que é exposto ao conjunto da população como uma espécie de primeiro-ministro a lá brasileira que eventualmente alçado à condição da maioria por este grupo de deputados do toma lá dá cá, seria capaz de impor ao governo federal racionalidade.
Parece história da carochinha, personagem de contos infantis fictícios, pois como pode um cordeiro iluminado surgir no meio de tantos lobos e fazer frente a um boçal megalomaníaco? Isto não existe, isto é a tentativa de salvar o programa econômico liberal do ´´Super-Guedes”, que, no nosso caso, é uma agenda de destruição da economia nacional e pilhagem das riquezas do país.
Ninguém segura o chefe de estado, nem a câmara, nem o STF, nem o Congresso, muito menos as Forças Armadas. O establishment é sócio numa empreitada que a longo prazo pode até constituir uma ameaça a nossa integridade territorial. Isto não é um governo, é um grupelho, uma trupe de recolonizadores a serviço do imperialismo internacional.
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Gustavo Perez P. Andrade: professor de geografia da rede pública estadual paulista, é graduado em Ciências Sociais pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) – Faculdade de Filosofia e Ciências, e atualmente é Mestrando em Ciências Socais na linha 4-de Relações Internacionais pela mesma instituição. Ativista do Instituto UNCORA – (Unidos Contra o Racismo), membro do PT (Partido dos Trabalhadores). Também é um dos precursores do Coletivo Agrofloresta Amor e Liberdade, cuja pauta principal é a criação de um Parque Linear nas margens da ferrovia, novos espaços verdes (parques) e áreas de lazer, além de pautar a melhoria da arborização urbana.